Não há nada melhor do que começar um texto com uma tirada redundante, uma frase bombástica que poderia incorporar um diálogo de um filme. Uma coisa tipo: “ Morte? Que sabem vocês sobre a morte?”… e depois aplicá-la ao contexto daquilo sobre o que estamos a escrever nesse momento. Por exemplo: “Felicidade? Que raio sabemos nós sobre a felicidade?”
Que raio sabemos nós sobre o que quer que seja, receptores passivos da informação industrial, da”massificação” cultural, condenados a uma algazarra ensurdecedora que não é mais do que um jogo onde são sempre os mesmos que acabam a perder? Que sabemos nós, afinal?
Sabemos o que vivemos, sabemos as pessoas que conhecemos, sabemos coleccionar memórias e seleccionar aquelas que mais nos interessam no momento. Que raio sabemos nós sobre a felicidade se não a conseguiríamos identificar nem que ela se sentasse em cima da nossa cara?
“O Paraíso não é um lugar mas um breve momento que conquistamos dentro de nós.” Esta frase foi escrita pelo Mia Couto e é daquelas frases que encerra em poucas palavras quase toda a sabedoria da existência. Não sabemos nem nunca saberemos o que será a felicidade. Só a memória e o significado interior é que, em conjunto, nos podem dizer se fomos alguma vez felizes… Deste modo, fica aberto o caminho para uma história de Natal, para um tempo em que alguém foi feliz embora na altura não o soubesse.
Artur
1 comentário:
Muito bonito, este teu "saber" ("Não sabemos nem nunca saberemos o que será a felicidade") colado às sábias palavras de Mia Couto... "O Paraíso não é um lugar mas um breve momento que conquistamos dentro de nós"...
Será que uma vida nos chega para aprender tamanha coisa??:)
Feliz Natal e tudo de bom para ti, Artur!
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