domingo, 13 de janeiro de 2008

O ÓDIO

O ódio é filho do medo, neto da ignorância e bisneto da indiferença. A maneira mais fácil de substituir uma governação sem ideias , vazia de rumo, é encontrar um inimigo, pintá-lo com as cores mais negras que possam existir e distribuir pelos papalvos. O ódio é como um veneno epidémico que se propaga a uma velocidade estonteante. É muito mais fácil odiar, apontar o dedo ao outro do que viajar para dentro de nós próprios e procurar a raiz dos nossos erros. O ódio, a segurança aparente, a submissão, a “vidinha”. Quem odeia não pensa, limita-se a desdobrar o seu esforço pelo erro dos outros. Tanto faz que sejam de outra cor de pele, adorem outro deus, prefiram esta ou aquela filosofia de vida.
Já não chega roubarem-nos todos os dias mais um pouco da nossa dignidade. Agora querem-nos “liofilizar”, transformar-nos em padrões, normalizar-nos os dias, sossegar-nos as interrogações. Querem-nos transformar em carneirada anónima e pacífica a caminho do matadouro da sua própria ganância. A dignidade, a mais forte raiz da cidadania, vai secando como um caule de planta moribunda. Fecham-se maternidades, fecham-se hospitais, baralham-se os trâmites da justiça. Só tem direito à educação, à saúde e à justiça quem tiver poder de compra para
isso. O Estado de Direito, a única fórmula encontrada até hoje que protege mais ou menos bem os direitos dos cidadãos, vai perdendo terreno em benefício das regras da selva do mercado. Regras que mudam todos os dias ao sabor da ganância dos grandes, que enterram definitivamente o mais fraco, o que não se consegue proteger. Ao fascismo económico só se pode seguir o fascismo político. Continuaremos indiferentes, ignorantes, medrosos e a odiar…até que mais uma tragédia venha tomar conta dos nossos dias.
ARTUR

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