terça-feira, 2 de janeiro de 2024

PARTIDAS, RECOMEÇOS E PERMANÊNCIAS

 



 

Trigésimo primeiro dia do décimo segundo mês de dois mil e vinte e três.
A todos nós que perdemos amores, amigos, pais e filhos, há que entender a bifurcação dos caminhos, rezar por eles e seguir com a mala das dores às costas até que se torne mais leve, se transforme, até que a nossa partida chegue.
Primeiro dia do primeiro mês de dois mil e vinte e quatro.
Soube há poucas horas da partida da Sandra e fui para a rua ver as estrelas que ela tão bem conhecia. Meia lua acabada de parir pelo horizonte de São Lourenço flutuava sobre uma panela de nuvens. O ilhéu do Romeiro ao lado, as estrelas a tremeluzir no manto de veludo escuro e espesso e eu a sorrir para elas. És brilhante até na tua despedida, no último dia do ano, como na final explosão da supernova silenciosa que emitirá tantos metais preciosos por tanto tempo que não existiremos para contá-los. Mas existiremos para contar o quanto tocaste cada um de nós e quanta doçura e coragem depositaste em cada alma com que te cruzaste. Vou continuar a sorrir para as estrelas e a lembrar-me de ti desde os primeiros passos na nossa TAP até ao meu derradeiro voo, até à última dança, até sempre. Que os anjos te guiem até ao campo das estrelas mais brilhantes e que de lá veles pelos teus. Foi uma honra cruzar caminhos contigo. Deixo-te a minha vénia e o meu abraço apertado.
À tua Leonor desejo-lhe força, serenidade e o melhor que a vida pode trazer. À nossa Ana os mesmos votos.
Abraço-vos💛
A vós meus amigos daqui e dali desejo-vos Paz, muito Amor no coração neste Novo Ano. Aproveitem a vida com a raridade que ela contém, com a fragilidade que ela tem. Usem e abusem dos sorrisos e dos abraços. Não usem o amor para outro fim que não o do próprio amor. Cuidem da vossa fragilidade com força. Cuidem da vossa coragem com cuidado. Sejam contentes e criem músculo para a felicidade. O nosso corpo físico é ínfimo e finito. A vida é um sopro suave e curto na imensidão do universo.

Elsa Bettencourt