sábado, 11 de fevereiro de 2023

A TERRA TREME


 

A terra treme debaixo das solas do meu pisar.
Talvez do sobrado fraco, alicerçado há demasiado tempo para ser forte, ela treme magoada pela inconstante batida do músculo humano.
A terra treme debaixo das solas do meu pisar em ribombares tão surdos como estrondosos.
Talvez pelos alicerces desgastados da sobranceira caminhada dos ambiciosos, ela treme no ritmo compassado duma quase dança, duma quase valsa, duma ciranda intrépida sobre o terreiro dos amados.
Sobre os escombros do passado caminho.
Se a um passo me lembro, ao próximo esqueço.
O sol desponta no horizonte de mais um dia e eu agradeço.

Elsa Bettencourt

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