Para além do nome do lendário
herói da aviação alemã da Primeira Guerra Mundial, o nome “Barão Vermelho”
ganha uma segunda vida no início da década de 80 pela mão de dois adolescentes
entusiasmados (Gutto Goffi e Maurício Barros), após assistirem a um concerto
dos “Queen” no estádio do Morumbi em S. Paulo. De facto é a partir desta data
que se vai formar uma nova lenda do rock brasileiro e, ao mesmo tempo, nascer
uma instituição musical que vai sobreviver até aos nossos dias acompanhada pela
admiração e respeito tanto do público como da crítica. Os dois estudantes do
Colégio da Imaculada Conceição no Rio de Janeiro juntaram à bateria (Goffi) e
aos teclados (Maurício) os elementos que faltavam. Eram eles Dé (no baixo), e
Frejat na guitarra. Faltava um vocalista. A procura recaiu inicialmente em Léo
Guanabara mas rapidamente o seu timbre foi considerado demasiado suave para os
objectivos pretendidos. Léo não se melindrou com isso e deixou até uma sugestão
no seu lugar. Tratava-se de Cazuza (Agenor Araújo Neto). Finalmente estava
concluída a formação inicial do Barão Vermelho. Ao longo do tempo serão
inúmeras as saídas e entradas de novos elementos na formação, excepção feita
para Goffi e Frejat que estarão sempre presentes, tornando-se uma espécie de
“guardiões do templo”.
O som da banda chega aos
produtores Ezequiel Neves e Guto Graça Mello que em quatro dias e através de
uma produção muito barata gravam o primeiro álbum, “Barão Vermelho”. Das
músicas mais importantes deste trabalho destacam-se “Bilhetinho Azul”, “Ponto
Fraco” e “Down em Mim”. Depois de alguns concertos em S. Paulo e no Rio a banda
regressa ao estúdio onde com uma produção mais detalhada e com mais tempo acaba
por gravar o segundo trabalho “Barão Vermelho 2” .
Apesar de tudo fazer adivinhar o
nascimento de uma nova banda poderosa no panorama musical o começo foi um pouco
atribulado. As rádios não passavam as músicas do “Barão”. Foi preciso Ney
Matogrosso gravar “Pró dia Nascer Feliz” para que se começasse a ouvir no éter
a versão original da banda. Por outro lado Caetano Veloso veio também quebrar o
gelo ao integrar no seu reportório o tema “Todo amor que houver nessa vida” e
ao reconhecer Cazuza como um grande poeta. O destaque e a repercussão da banda
vai aumentando ao ponto de serem convidados para compor a banda sono ra do
filme BETE BALANÇO de Lael Rodrigues em 1984. Estava ultrapassada a rampa de
lançamento para a fama. Ao lançar o seu terceiro disco, “Maior Abandonado”
(84), o Barão Vermelho consegue ultrapassar a fasquia das 100 mil cópias vendidas
em apenas seis meses. O ano de 84 continua em grande apoteose. O “Barão
Vermelho” toca com a Orquestra Sinfónica Brasileira e, no ano seguinte é
convidado para abrir o Rock In Rio. A carreira estava finalmente consolidada.
A SOMBRA DE CAZUZA
Compositor, poeta, espírito
inquieto, Cazuza era uma das marcas mais profundas no trabalho do “Barão
Vermelho”. Embora já tivesse manifestado o seu desejo de sair da banda Cazuza
escolhe o final de um concerto para o anunciar ao público. Frejat apoiava a sua
actividade individual desde que não abandonasse a banda. Da forma como as
coisas se passaram, a forte amizade que os juntava sofre um duro golpe. O
efeito Cazuza continuará a fazer-se sentir sobre a banda começando numa ferida
profunda até se tornar mais um componente entre muitos que a banda foi
conseguindo gerir e aproveitar ao longo dos anos. Frejat assume a função do
cantor e em 86 é lançado o quarto disco da banda, “Declare Guerra”, um trabalho
que apesar de contar com a colaboração de nomes como Renato Russo ou Arnaldo
Antunes, acaba por não alcançar grande êxito. Segue-se “Rock’n Geral” no ano
seguinte com contrato assinado com a Warner. Apesar de bem acolhido pela
crítica o disco não vende mais que 15 mil cópias. Nesse mesmo ano Maurício
abandona também a banda, entrando Fernando Magalhães (guitarra) e o
percussionista Peninha.
Agora apenas com três elementos
de origem, o “Barão Vermelho” lança em 88 o disco “Carnaval”, onde mistura rock
pesado com letras românticas. A faixa “Pense e Dance” , escolhida como banda
sonora da novela “Vale Tudo” é a rampa para um êxito absoluto que lhes abrirá
as portas para abrir a tour de Rod Stewart. No ano seguinte lançam o seu sétimo
trabalho “Barão ao Vivo”, gravado em S. Paulo. No mesmo ano a editora Som Livre
lança a colectânea “Os Melhores Momentos de Cazuza e o Barão Vermelho”.
Na entrada dos anos 90 o baixista
Dé deixa a banda e dá lugar a Dadi. Maurício regressa aos teclados na qualidade
de músico convidado. Em 1990 gravam “Na Calada da Noite” revelando o lado mais
acústico do grupo. Nesse álbum está o tema “O Poeta Está Vivo”, uma alusão a
Cazuza que viria a morrer meses depois vítima de SIDA.
1990 é ainda o ano em que todos
os intervenientes são nomeados para o prémio do melhor em cada categoria e em 91 a banda é escolhida por
unanimidade de público e crítica como a melhor do ano. Em 91 e 92 vencem o
prémio Sharp para o melhor conjunto de Rock e, ainda em 92, são eleitos a
melhor banda do Hollywood Rock. O baixo Dadi é substituído por Rodrigo Santos.
Em 2001 após apresentação no Rock In Rio 3 todos decidem fazer uma pausa na
carreira do Barão para se dedicarem a
projectos individuais.
AS INTERMITÊNCIAS DO ÊXITO
Com a entrada do novo século a carreira da
banda vive de pausas prolongadas e regressos extraordinários. Em 2004 regressam
às origens do puro Rock’n Roll com um álbum homónimo onde vamos encontrar
êxitos como “Cuidado”, “A Chave da Porta da Frente”, “Embriaguez” e “Cara a
Cara”. No ano seguinte a banda grava o primeiro DVD da carreira no Circo Voador
no Rio de Janeiro. “MTV ao Vivo” acaba por conseguir alguns êxitos como a
inédita “O Nosso Mundo” embora a grande surpresa vá para a revisão do tema
“Codinome Beija-Flor”, em que a banda interage com a voz e a imagem de Cazuza
projectada no grande ecrã. Mais um disco de ouro, uma tourné de dois anos e o
ultimo espectáculo antes da nova “pausa” vai ter lugar no Rio. Antes disso têm
ainda tempo de lançar um livro e um DVD acerca da sua carreira com o histórico
show Rock In Rio I.
Em 2012 Frejat e Rodrigo Santos
anunciam o segundo regresso da banda. A reunião acontece a propósito da
comemoração de 30 anos de carreira e do lançamento do primeiro disco. Além das comemorações foi também relançado o
álbum “Barão Vermelho” gravado em 82 com novas misturas e remasterizado.
Segue-se um documentário que conta a história do grupo, um novo espectáculo com
a MTV Brasil e uma tournée de seis meses. Depois de tudo isto a banda anunciou
estar novamente e recesso sem previsão de regresso.
Com doze discos, seis albuns ao
vivo, duas colectâneas e quatro DVD’s o” Barão Vermelho” assina um
extraordinário percurso e uma brilhante carreira, um livro onde todas as
fantasias e tragédias do Rock tiveram lugar.
Artur
1 comentário:
Maltamiga
Voltei à tua companhia; o Crónicas das Minhas Teclas está em “hibernação”, mas não para; (diz-me sff se gostas deste título e ou não gostas). Se for não, alvitra um título que eu analisarei e se entender que será melhor, o aceitarei. É, pois, um desafio que te lanço. Muito obrigado.
Mas por agora quero dar-te a informação de que já acabei o texto, o Leonel Gonçalves está a ver o dito e… a Raquel também. É uma mulher de armas, sempre pronta a ajudar-me!...
No dia 16 deste mês começa a edição: capa e miolo vão entrar na impressão e, depois, pensar na distribuição que seja a melhor. E a publicidade? O editor e eu estamos carentes de euros e será a que for possível com a participação de quem queira também publicitar junto das Amigas e dos Amigos, o que desde já agradeço muito. Vou ainda tentar junto da malta amiga da comunicação social que façam o que melhor entenderem.
Está também a ser estudado o local do lançamento; tem de ser mais ou menos espaçoso e com boas condições. E não muito caro… Enfim, trabalha-se. E espero em breve dar-te uma novidade que entendo excelente…
Porém, neste interregno, voltarei a visitar-te e a comentar-te como é meu apanágio. E naturalmente a avisar-te sobre o local, o dia e a hora do lançamento. Quero-te lá: para te ver e/ou conhecer pessoalmente e ver…te comprar muitos exemplares rrrrrrsssss…
Qjs & abçs
Este texto é único e vai repetir-se pelos blogues e comentadores e colabores que me têm acompanhado; infelizmente não posso avisar e comentar uma a uma ou um a um. Desculpem
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