“ Não é possível, nas zonas menos populosas sustentar os investimentos feitos com a ambição de assegurar água de boa qualidade.”
Assunção Cristas, Min. Do Ambiente, Correio da Manhã em 23/11/2011
Os pobrezinhos têm que perceber que vão ter que morrer para os outros conseguirem manter o seu nível de qualidade de vida. As zonas menos populosas que se vão abastecer de água ao raio que as parta porque a água é mais necessária na rega dos campos de golf, essa fonte milionária de receitas de turismo e desenvolvimento económico cujo IVA não subiu, onde os bacanos se vão pavonear e dar ao taco e fazer umas festas daquelas que fazem os bacanos quando se encontram todos, e vão lá as revistas que também são deles para fazer reportagens. Apesar de carregados com cada vez mais impostos, o Estado está cada vez mais fraquinho para andar a abastecer populações com água de qualidade. Assim vai vender a exploração, vai privatizar o serviço, vai dar essa responsabilidade a outro. Outro que vai fazer dessa responsabilidade uma actividade lucrativa e que, quando lhe apetecer, desliga a torneira e marcha na direcção de outro negócio mais rentável. Os pobrezinhos têm que se convencer que há luxos a que não se podem dar, apesar de no passado terem sido quase obrigados a endividar-se até ao pescoço pelas leis, pelos bancos e pelas políticas dos bacanos para, por exemplo, comprar a sua própria casa. Os pobrezinhos têm que se convencer que apesar de pertencermos a um país que no passado conseguia ocupar os últimos lugares em quase todos os índices de desenvolvimento na União Europeia, esse tempo acabou. Esse fausto, essa vida ociosa com Saúde, Educação, Justiça e Segurança Social, todo esse luxo acabou porque afinal não há dinheiro. Essa fonte esbanjadora de direitos, tentativa de equilíbrio de assimetrias sociais e respeito pela fragilidade, essa irresponsável protecção aos mais fracos, aos incapazes, aos deficientes, esse regabofe de dinheiro mal gasto tinha que acabar. Esse devaneio civilizacional com direitos para todos, mais protecção do trabalho, mais igualdade de tratamento, cidadania, qualidade de vida, bem-estar, todos estes luxos se transformaram numa despesa incomportável, que não pode continuar.
Volta tudo a viver na floresta, a beber água da fonte, a cheirar mal, a participar como carne para canhão nas guerras dos bacanos entre eles, e a fazer aquelas coisas que os pobrezinhos costumam fazer. Depois, se se portarem bem, uma vez por semana terão direito a uma visita ao castelo dos bacanos para receber a esmolinha destas almas profundamente devotas e tementes a Deus.
Os pobrezinhos têm que perceber que a Lei da Selva é a melhor opção para a resolução de todos os nossos problemas. Quem estiver apto sobrevive, quem não estiver desaparece. Mesmo que os bacanos roubem todos os créditos de aptidão que os pobrezinhos entretanto adquiriram.
Artur
3 comentários:
Todas as grandes civilizações tiveram o seu fim - a egípcia, a grega, a romana (por exemplo). Para mim, o seu fim, deu-se sempre pelo mesmo motivo. A decadência moral,a corrupção, enfim, a alarvice, que foram os aceleradores para o abismo.
A Civilização Ocidental, tal como a conhecemos, está em final de festa, potenciada pela fraca moral dos seus governantes, e o "laissez faire, laissez aller, laissez passer" que o comerciante Legendre, respondeu a Colbert, quando este lhe perguntou como o poderia ajudar.
Este "deixa-andar" e a falta de indignação dos povos respectivos povos ocidentais, alienados pelas dívidas contraídas, e por uma sociedade sôfrega de consumo, dá imenso espaço à mediocridade.
A China está em todo o lado. As próximas décadas ou séculos serão deles.
É a vez da Civilização Muito Oriental...
É engraçado o meu comentário anterior, que se destinava ao "Quem deve o quê, afinal...", ter vindo aqui parar... Para mim também se adequa a este post. É o chamado comentário dois em um!
Afinal não se tratará isto de mais um indício do principio do fim?
Já devias era começar a contribuir com textos para este blog em vez de comentários do tamanho de textos. hahahahahaha....
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