segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ESTAMOS, ESPERAMOS, SONHAMOS


NÓS OS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS

Marcelo Masagão

Brasil, 1998

Juntando imagens de arquivos, extractos de documentários e de algumas obras clássicas de cinema, a proposta deste projecto foi a de documentar uma perspectiva acerca das principais mudanças que marcaram o séc. XX. Misturando a existência de personagens que marcaram a História com a de homens comuns (que acabaram também por construí-la), o filme narra-nos uma sequência de acontecimentos que incluem criação, destruição, arte, sonho, realidade, vida e morte.
A frase que dá o título ao filme, comum de encontrar em vários cemitérios espalhados pelo mundo, sintetiza a atitude de um tempo em que, tanto a morte como a vida foram alvo de banalização. Com início na I Guerra Mundial, o mundo vai sofrer vários tipos de destruição, atravessar uma II Guerra Mundial e viver décadas de Guerra-fria. Pelo meio podemos acompanhar um jovem alfaiate francês que em 1911 resolve saltar da Torre Eifel vestido com um equipamento que ele julga que lhe permitirá voar, encontrar um chinês na sua bicicleta que executou vários professores universitários no tempo da Revolução cultural, rever o aspecto franzino e fragilizado de um homem que se chamava Gahndi e conseguiu unir o continente indiano em torno da ideia da independência. Há ainda tempo para assistir a um “baile” de dois grandes artistas em simultâneo. Ou seja, enquanto Fred Astaire tem uma curiosa coreografia com um candeeiro, Garrincha aplica dribles estonteantes no campo de futebol. A forma como as pernas dos dois artistas se combina com a mesma música é um dos momentos altos deste documentário. Contrariando uma característica clássica do género documental, o filme não tem narração. Os nomes e algumas breves frases “caem” sobre as imagens, de acordo com a necessidade de informação. De resto a banda sonora é composta por música (da autoria de Wim Mertens), efeitos sonoros e silêncios.
Além de premiado em vários festivais de cinema (Melhor Montagem no Festival do Gramado; Melhor Filme, Melhor Argumento e Melhor Montagem no Festival do Recife), o filme foi todo previamente concebido e montado em computador, sendo apenas no fim traduzido para película. Dos 140 mil dólares de custo da produção, 80 mil foram para gastos em pagamentos e direito de autor.
Numa concepção bastante original do trabalho documental, NÓS OS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS, oferece-nos cerca de uma hora e meia do mais puro entretenimento numa dimensão informativa de grande relevância histórica. Com as imagens vai contando várias histórias sobre aqueles que nos esperam, do tempo em que já foram como nós. Um grande momento de Cinema.
Artur

(este filme pode ser visionado no You Tube. Basta escrever o seu título na janela de pesquisa)

1 comentário:

elbett disse...

Já vou na parte VI e é maravilhoso!! A banda sonora é um estrondo!!!

Obrigada!!