quinta-feira, 7 de maio de 2009
TELHADOS
Fotos de Sofia P. Coelho
Os sonhos que pareciam ter força para subir ao céu ficaram suspensos a pairar sobre os telhados da minha cidade. Não atingiram o fim da longa viagem mas sentaram-se sobre as telhas na preguiça de quem observa de cima, a vida a correr lá em baixo nas ruas. Cumprimentam o voo dos pardais ou a sesta felina de gatos pachorrentos.
Sobre os telhados aprendi a escutar o sussurro segredado das gotas da chuva e a ler as serpentinas transparentes que o calor desenha nas tardes de Verão.
Ao amanhecer, com vista privilegiada sobre as artérias e o passo dos transeuntes, um copo esquecido na mão e um corpo de mulher abraçado na intimidade de uma noite louca de amor dizem-me que sou Rei por uns instantes e que a vida me pertence.
A espreitar um céu azul onde podia ter chegado, a cidade respira aos meus pés como dádiva de felicidade. O céu pode esperar… A cidade cabe no meu horizonte.
ARTUR
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6 comentários:
Artur, esta tua vertente de escrita é deveras interessante...
Abraço
Allways a quest...
Bjo
Elsa
Telhado
chapéu final
das coisas que nós somos
linha limite e limiar
do infinito
Vitor:Espero continuar a produzir textos que continues a apreciar.
Elsa: Gostaste? Então não deixes de cá voltar.
Carlos: Temos que começar a coligir a tua poesia para papel impresso. Já há e sobra para um tratado. Manda mais. 1 abraço.
Viver de momentos só na memória é muito bonito mas pode matar... E podemos não conseguir ter a cidade inteira no nosso horizonte... e nem sempre o céu pode esperar...e, e, e...
Digo eu, claro:)
MAS este texto cabe no meu horizonte com vista para uma cidade inteira, e eu gosto! Muito!
Bom fim de semana, Artur!
Clarice: Isto é o que pode passar pela cabeça de alguém que de manhã se depara com esta paisagem. Uma espécie de retrato instantâneo à volta do que lhe vai no pensamento. Bom fim de semana para ti também.
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