sábado, 22 de fevereiro de 2020

Diário Laboratório 25/1/2020

1
Por que escrevo? Para suavizar a suave tristeza de existir que é a do quotidiano e também o grande terror de ser que é, justamente, o vir a deixar de existir.
2
Como recusar o fragmento se é o pensamento, ele mesmo, que em mim está fragmentado, ou seja, em fulgurações breves e descontínuas? Talvez possa argumentar que esse é o espírito do tempo, que toda a obra contínua, é artificial e postiça. Não foi proclamada a morte do romance? Contudo, ele aí está. Porventura, não será difícil argumentar que parecendo corpo animado e até saudável, subsiste sem vida, esgotado que está o formato, sem brilho, sem inovação ou valor. É evidente que só o tempo o dirá, a inevitabilidade da visão pregressa. Aquilo que se suspeita é que há uma irrecusável angústia na contemporaneidade e que ela corresponde àquilo que não pode, já e ainda, ser contínuo.

Sem comentários: