Mão amiga fez-me chegar esta fotografia atestando a presença de passos coelho na manifestação de apoio ao governo pafioso, facto que a legenda acompanhante reforça e reafirma. Espírito racional e ordenado, este amigo declarava-se incrédulo ante o fenómeno : um primeiro-ministro (ainda que alegado) a participar numa manifestação de apoio ao seu próprio governo ? ! Desatento à história recente do nosso país, esqueceu que um ilustre antecessor do láparo tinha já, nos idos de 1975, entrado em greve contra o seu próprio governo. Chamava-se Pinheiro de Azevedo e tinha piada, ao contrário do actual - aqui, a terminologia embrulha-se : actual ? ou já pretérito ?. Mais ainda, estávamos em pleno PREC, o tal período que os pafiosos e os seus avatares espalhados e bem remunerados pelos merdia de comunicação social não se cansam de comparar com estes dias. A mim, pelo contrário, não me espantou, nem me causou qualquer perplexidade a reunião do páfio-mor com os cinquenta ou sessenta manifestantes que fizeram questão de estar presentes em defesa desse animal em vias de extinção que dá pelo nome de XX Governo; essa espécie de cadáver que fala e que, como dizia o outro, ainda queria procriar. O que me espanta, outrossim, é que o defunto não parece nervoso, triste ou angustiado pelo fim da festa do pote e da manjedoura para os boys; parece, pelo contrário, aliviado, depois de se ter "aliviado" de mais umas quantas aldrabices e pieguices avulsas. Saído da sua "zona de conforto", tirou o fatinho e a gravata, ataviou-se com uma simples camisola de malha, aparou o bigode, domou a melena e lá se juntou aos seus apoiantes. A inteligente expressão facial parece dizer : "Melhores dias virão", "teremos sempre Massamá", "apesar de tudo, continuo em grande tecnoforma". Ao fundo, um dos seus apoiantes, desmesuradamente crescido, de olho azul, sobrolho franzido e argola enfiada no nariz, parece bem mais preocupado com este "outono vermelho", os mercados, a subida dos juros (ui, que medo !), a opinião da Merkel, os comentários que os merdia vão propalando acrítica e acefalamente; o que dirá e fará o cavaco; o que pensarão os patriotas do Compromisso Portugal e todos os outros parasitas e chulos que, acantonados à sombra do Estado,têm enriquecido e prosperado e vêem com angústia a nervosismo a chegada do Governo de Salvação Nacional, o tal que eles confundem com os bolcheviques, o Lenine, o Trotsky, o Estaline e a outra tralha revolucionária, esquecidos que estão que eles é que são os bolcheviques, já que tudo fizeram para minar a Constituição, subverter o Estado de Direito e promover uma insidiosa degradação ético-moral que, aliada ao empobrecimento material forçado, nos conduziu ao estado de ruína em que nos encontramos. Ironia da História : Brumário era a designação atribuída ao mês de Novembro no calendário revolucionário francês, quando o Sol atravessa a constelação do Escorpião; e foi a 18 Brumário que Napoleão Bonaparte pôs fim ao período de caos, instabilidade política e degradação da vida pública que se seguiu a 1793. Amanhã, certamente vamos respirar um ar mais limpo, numa atmosfera cheia de riscos, incertezas e promessas. Como a própria vida, de resto.
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