Podia ser uma nave espacial a
vogar pelo espaço da consciência colectiva…podia ser o depósito da frota onde
se encontram a memória e a identidade…podia chamar-se “Resistência”. E
felizmente a “Resistência” está de volta cumprindo o seu papel, entre revisões
de canções antigas e novas propostas, reforçando a imprevisibilidade do futuro.
Com “Horizonte” alinham-se onze temas compostos por uma equipa de onze
elementos, músicos profissionais com trajectos individuais e agendas
preenchidas que ocasionalmente se conseguem encontrar e trabalhar em conjunto.
Momentos únicos num projecto único no panorama musical e cultural do país.
“Resistência” é o seu espírito e nunca um conceito foi tão apropriado como
este.
Podia ser uma banda de uma
geração centrada sobre si própria e a sua história, instalada na obra dos seus
elementos e na sua notoriedade. Em vez disso o projecto estabelece pontes com
passado, na medida em que assinalando a influência trovadoresca (a expressão do
acústico, a madeira das guitarras, a importância das palavras) e recuperando
autores mais antigos (José Afonso), consegue cativar e convencer as novas
gerações que não hesitam em encher auditórios e vibrar com as músicas feitas
quando ainda não eram nascidas.
Num tempo em que linguagem, identidade,
sociedade, democracia, inconsciente colectivo, individualidade, humanismo e
liberdade são conceitos vagos empurrados para uma linguagem subversiva quase
proibida, a resistência mantém essa chama que arde na imensa escuridão.
Canta-nos canções de Liberdade, ensina-nos que tudo é possível quando damos as
mãos, conta-nos histórias de amor. As canções de Rádio Macau, Xutos e Pontapés,
Delfins, Madredeus e Banda Cósmica, Tim ou Pedro Ayres, são os elementos dessa
pálida aguarela onde uma carrinha antiga segue na estrada a caminho do
horizonte.
A sonoridade única é a habitual
composta por seis guitarras, um baixo, uma bateria, percussões e voz.
Assistir a um concerto desta
banda é uma experiência única e inesquecível. Todos o devíamos fazer pelo menos
uma vez.
Artur
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