1. A fotografia acima documenta, com proverbial eloquência e meridiana clareza, o modo como a liberdade, a paz e a democracia reinam no Iraque, após a intervenção e a retirada das tropas norte-americanas. À direita da imagem, deitados numa espécie de fossa, vêem-se diversos homens que estão a ser libertados das suas vidas, de um modo democrático (ninguém é poupado, ninguém é favorecido, são todos iguais), para poderem, enfim, gozar a paz eterna. Com toda a legitimidade, o portas irrevogável, o cherne barroso e o aznar têm motivos para se orgulharem do modo abjectamente servil como propiciaram e apoiaram a intervenção norte-americana, tendo até o irrevogável recebido uma medalha que comprova os altos serviços prestados ao bush filho, essa espécie inominável de atrasado mental que os acasos do destino puseram à frente de um país detentor de uma militar incomparável e capaz de a utilizar de acordo com as suas conveniências e interesses momentâneos. Tudo o resto não interessa: esfrangalhar um país, destruir um equilíbrio conseguido e mantido à custa de milhares de vidas, substituir um ditador pelo caos e depois dizer adeus e agora "amanhem-se como puderem" pode ser resultado de uma política pragmática e de uma visão do mundo assente na "realpolitik"; não é, certamente, do âmbito da ética e dos valores que todos queremos ver consagrados na Europa herdeira do humanismo e iluminismo. Eu, se fosse o irrevogável, cobria-me de vergonha, dobrava a cerviz até ao chão numa das reverências que ele tão bem sabe fazer e devolvia a medalhinha de lata que os americanos lhe atiraram, como se atira um osso a um cão, pelos serviços prestados.
2. Por outro lado, se eu fosse o cavaco, mandaria a canzoada deixar de ladrar, rapidamente e em força, como dizia o manholas. Já chega de grunhidos e do zurrar da escumalha do pote, enlameando o Tribunal Constitucional. A incompetência, a falta de cultura (não sabem duas letras do tamanho de uma casa) e de preparação técnica desta gente, aliadas à sua agenda política (que consiste basicamente na venda ao desbarato do país aos amigalhaços e no favorecimento de negócios) já se tornaram insuportáveis, mesmo quando estão calados e a fazem pela calada, como os ladrões. Termos que os ouvir "aliviarem-se" das suas opiniões, dos seus estados de espírito e das suas queixas, remete para um estado de tortura física e psicológica que deveria ser considerado como um crime público e julgado num Tribunal penal internacional.
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