sábado, 7 de dezembro de 2013
BOLA DE CRISTAL
Era sempre pela estrada a caminho desse lugar distante que se procuravam as respostas. Era sempre com o pé na estrada que as perguntas enfraqueciam a sua desorientação e as dúvidas deixavam de baralhar. A solução era colocar a mochila ás costas e caminhar até um destino que de tão longínquo dificilmente se podia adivinhar. Enquanto se caminha não se pensa, não se sofre, respira-se o compasso das pernas, observa-se a paisagem. Enquanto se caminha desliga-se a culpa e a frustração de não saber para melhor imaginar. E ao fim de algum tempo uma resposta, um espaço, qualquer coisa onde acabamos por chegar. Nunca da forma que pensámos, nunca igual à imaginação. Só um destino cumprido, um ponto de chegada, mais nada. Ás voltas e voltas a caminho de qualquer lugar caminhamos sobre o mundo acabando por caminhar dentro de nós. A resposta do caminho saiu de onde, afinal? Da estrada que pisávamos ou do sonho que percorremos sonhado dentro de uma bola de cristal? Onde ficamos? Lá dentro ou cá fora? Serei eu aquele homem que pousa a mochila e se senta a beber uma cerveja à beira do caminho? Ou serei eu a cerveja que o refresca numa tarde de calor? Ou a vontade permanente de meter o pé na estrada, tudo e nada numa bola de cristal?
Artur
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
somos um pouco de tudo... no caminho (porque se caminha mesmo estando às vezes no mesmo lugar) vamos lendo essa resposta em nós... somos um pouco de tudo...
Bom Ano para ti Clarice.
Enviar um comentário