sexta-feira, 10 de setembro de 2010

MANUAL DO CIDADÃO ARNALDO MESQUITA - I



CTOE / CIOE 50º ANIVERSÁRIO



No passado dia 6 de Setembro, o Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, visitou o CTOE, agraciando a unidade com o grau de Membro Honorário da Ordem de Aviz. A visita e a cerimónia inseriram-se nas comemorações do 50º Aniversário do CTOE/CIOE, comemorações essas que decorrem durante o ano de 2010, tendo atingido o seu ponto culminante a 16 de Abril. De facto, foi em 16 de Abril de 1960 que o CIOE veio substituir o velho RI 9, unidade que participou em numerosas batalhas da nossa História, tendo-se coberto de glória em todas essas campanhas.
O então CIOE veio preencher uma necessidade que se fazia sentir no sistema de forças português : a situação internacional e a evolução do quadro político vinham desde o fim da II Guerra Mundial a prenunciar a emergência de movimentos de libertação nas nossas colónias africanas, não estando as forças portuguesas preparadas para fazer frente a um tipo de guerra não-convencional, nem do ponto de vista doutrinal, nem, como é óbvio, do ponto de vista do treino e preparação dos militares. O CIOE veio então colmatar essa lacuna, sendo-lhe atribuídas as seguintes missões: “ . Instruir os quadros do Exército nas várias modalidades de operações especiais;
. Realizar estágios de sub-unidades, tendo em vista aperfeiçoar a sua actuação numa ou mais modalidades destas operações;
. Levar a efeito estudos que, de qualquer modo, possam contribuir para melhorar a eficiência das Forças Armadas, no que diz respeito à sua actuação em operações especiais, designadamente nas de maior interesse para a defesa do território nacional ...”, tal como consta no documento que o institui. A estas determinações oficiais vem acrescentar-se a experiência de diversos oficiais que frequentaram cursos no estrangeiro, observaram directamente o teatro de operações da Guerra da Argélia e , mais especificamente a formação obtida nos EUA pelo Capitão Bacelar Begonha que frequentou o curso Ranger e o adaptou à realidade portuguesa. Resumindo, para a génese do CIOE contribuíram decisivamente a experiência das forças francesas no teatro argelino, sobretudo no que concerne a operações e métodos de contra-subversão e contra-insurreição; a metodologia e práticas dos Rangers norte-americanos e a experiência na formação de Companhias de Caçadores Especiais. Finalmente, em 1963, iniciaram-se os cursos de Operações Especiais (tipo Ranger), ministrados a Oficiais e Sargentos, que visavam melhorar o desempenho em combate de unidades convencionais e o desenvolvimento e aperfeiçoamento doutrinário.
Destaque-se, ainda a estreita ligação com os Grupos Especiais, cujos quadros foram na sua maioria formados em Lamego e que se sempre se distinguiram pela bravura e competência em todas as acções em que se envolveram. A esse propósito, convirá recordar que, em Julho deste ano, no decorrer da Confraternização Anual da Associação de Operações Especiais, foi descerrada no CTOE uma placa alusiva aos Rangers que integraram os Grupos Especiais e os Grupos Especiais Pára-Quedistas, na presença de membros da Associação Nacional de Combatentes do Ultramar e de outras associações representativas dos combatentes.
Mais tarde, já depois do fim da Guerra do Ultramar, vieram juntar-se aos cursos de Operações Especiais, os cursos de Operações Irregulares, que visam dotar as nossas forças de capacidade de resistência em caso de invasão do território nacional. Refira-se, ainda, que a qualidade de instrução ministrada na Unidade é reforçada pela competência dos Instrutores que ministram os diversos cursos, habilitados que estão com cursos das Special Forces e Rangers norte-americanos, Operações Especiais espanholas, Comandos Franceses, Patrulhas de Longo Raios de Acção e Reconhecimento de Longa Distância na Alemanha, Sobrevivência e Guerra na Selva no Brasil.
Nos dias de hoje, o CTOE detém competências e ministra os cursos de:

- Mergulhador Nadador de Combate;
- Curso de Pára-Quedismo Militar;
- Curso Sniper
- Curso de Operações Psicológicas;
- Curso de Sobrevivência;
- Curso de Montanhismo;
- Curso de Prevenção e Combate a Ameaças Terroristas;
- Curso de Patrulhas de Longo Raio de Acção e Reconhecimento de Longa Distância;
- Curso de Infiltração /Exfiltração Terrestre – Equipa RESCOM – CSAR FAP;
- Estágio de Operações Não-Convencionais;
- Estágio de Infiltração Aquática;
- Estágio de Sobrevivência para Jornalistas, entre outros


Pelo que fica exposto, o CTOE perfila-se como a unidade que, por tradição e missão actual, detém a responsabilidade de instrução e condução de todas as operações de guerra não-convencionais, alargando a sua área de influência muito para além dos limites estritos da sua localização geográfica. Detentor de um vastíssimo património histórico, o actual CTOE é o herdeiro de uma unidade que serviu e honrou Portugal desde o dia da sua criação, projectando-se para o futuro como uma unidade moderna, flexível e em permanente evolução e valorização.



ARNALDO MESQUITA

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