sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ENTRE PEDAÇOS DE PARECER


(Foto de Sofia P.Coelho)
O passado arquiva-se de destroços de memória, serpenteia as curvas da lembrança e regista imperfeito, o pensamento, a cena, a sensação, a dor e a alegria. Como quem regressa a um sítio de onde partiu há muito tempo. As coisas estão no mesmo lugar e, no entanto, mudadas. Nada se parece com a lembrança porque o tempo correu sobre as coisas e as pessoas. Podemos tomar banho várias vezes no mesmo rio mas nunca mais do que uma na mesma água.
Entre ilusões e uma garrafa de cerveja vazia suspiramos o Ser em frente à ilusão da existência. Nunca a mesma, nunca aquela que parecia ou que poderia ser, nunca o que é evidente.
Abrem-se portas sobre muros cerrados de impotência. Erguem-se ameaçadoras mandíbulas de fraca força, que nem mordem nem se fecham. Olhos esgazeados vigiam fingindo vigiar interesses dos ventos do remorso, dos labirintos da culpa, dilacerante e corrosiva como ferrugem. Mas nem focar conseguem, ou mexer-se no seu ângulo de visão. Ilusões, um oceano universal de mal entendidos, ilusões de óptica e golpes de vista incompleto sobre o caudal imenso das imagens sem fim sobre o Ser.
O Sujeito, aquele que observa, tudo o que interessa. O Ser eterno e fiel a si próprio, barco persistente de Vida que navega obstinado nos oceanos dos truques e alucinações do Cosmos. Ó Carl Sagan!? Chegavas aqui, fazias-me o favor..?
ARTUR

1 comentário:

Sofia Vaz Pinto disse...

Estás contratado Artur! Que texto!!!!!!!!!!!!