quarta-feira, 31 de agosto de 2022

COLHEITA DE AGOSTO NO TRIGÉSIMO PRIMEIRO DIA


 



Onde é que começa o fim e acaba o princípio?
O que é mais verdadeiro?
A metade ou o inteiro?
A mentira piedosa ou a pureza da verdade?
E o amor onde é que mais vale?
Vale ao perto ou nas colinas longínquas da metade?
Num lugar sem idade brotam rebentos sem cuidados. Implícitos e explícitos, verdes de tempo, enraizados na argila outrora semente.
Onde fica o meu estar antes tão veloz agora tão devagar? Contemplo ou ignoro este silêncio ruidoso? Tem pássaros lá dentro e folhas a cair. Um galho que estala e uma fonte que não se cala.
Das coisas que merecem ser perguntadas jamais deverão ser faladas. É-se, nesse ser sem grandes demandas.
Pisa-se, este chão, procissão de passos, ladeado pelas primeiras beladonas da estação. E colhe-se, colhendo,no reflexo urgente da formiga e da cigarra, sendo canção.
Elsa Bettencourt

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