quinta-feira, 18 de setembro de 2014

OS CÃES TÊM CARAS DE PARVOS OU AS AVENTURAS DO JUSTICEIRO BADOCHA

Cumprem-se hoje dez anos sobre o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO). Na altura em que foi decretada a morte desta instituição, com décadas de existência, pensada pela I República como forma de promover a coesão nacional, a  integração e formação dos cidadãos e fundamentar em alicerces sólidos a nascente política de defesa, estava no poder a coligação PPD/CDS e o portas era o Ministro da Defesa. O poder político cedia perante as pressões e exigências dos Hugos e Duartes do PPD e dos Pedros e Adolfos do CDS, jovens próceres que militavam nas respectivas juventudes partidárias, grandes patriotas que se recusavam a jurar bandeira e a malhar com os ossos ao sol e à chuva, exibindo as birrinhas típicas dos bichanos que não queriam sair da "zona de conforto" e das sinecuras que pais e padrinhos lhes prometiam quando, como dizia o Zeca Afonso, "faziam voto perpétuo de irem para a puta que os pariu". Não lhes dava jeito: afastava-os do caminho traçado e brilhantemente descrito por Pacheco Pereira: das escolas de traição, conspiração e mediocridade que são as juventudes partidárias a um lugarzinho na junta de freguesia, desta para uma sinecura na câmara municipal e, numa carreira sempre ascendente, depois dos favores feitos a empreiteiros e construtores civis, a um arreigozinho como deputados, portas abertas para se tornarem mensageiros da voz dos respectivos donos e pontas-de-lança dos interesses privados em detrimento do interesse público. E foi o que se viu. Veja-se o descalabro daquelas duas bancadas parlamentares, eivadas de semi-analfabetos, cevados na manjedoura do poder  e dos interesses obscuros que servem na perfeição, sem vergonha nos bestuntos, autênticos predadores de sinecuras e merdomias (não é gralha). No que diz respeito às Forças Armadas, aqueles que verdadeiramente pensam com justeza e conhecimento as questões da defesa nacional são unânimes em declarar a monstruosidade do erro cometido e em classificá-lo como o primeiro passo para a situação calamitosa e de ruptura em que se encontram, tendo no actual Ministro da Defesa uma espécie de "gestor de falências", encarregue de as desmantelar e reduzir à mais absoluta insignificância. Que lhes faça bom proveito.

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