quinta-feira, 1 de maio de 2014

G3



"E agora, o povo unido nunca mais será vencido, nunca mais será vencido..."


Passados 40 anos  - e parece que foi há um século - a ingenuidade deste pequeno verso revela o espírito desse tempo, em que tudo era possível. Se nessa altura se pudesse imaginar que o povo não só não está unido, como assiste à sua derrota com uma espécie de medonha, feia e triste ataraxia... É uma guerra, uma guerra suja e sem quarterl. Mas, como acontece em qualquer guerra, nem todas as batalhas são ganhas, nem todas são perdidas. O resultado final é uma espécie de balanço de perdas e ganhos, de terreno conquistado e de terreno perdido, de quem ainda está de pé e de quem se rendeu ou foi esmagado. Neste momento, a escumalha ganha todas as batalhas contra os funcionários públicos, os reformados, os desempregados, os desfavorecidos, os desamparados.Simula perder batalhas contra a EDP, a GALP, os interesses instalados, os grandes escritórios de advogados e os seus representantes no Parlamento, os grupos económicos e todos aqueles que estão instalados à mangedoura do Estado, refocilando nos restos deste descalabro colectivo. Simula apenas; não chega a travar nenhuma batalha contra aqueles que os manipulam e controlam. A simulação também faz parte da arte da guerra. O rolo compressor que a canzoada pôs a triturar a Nação não encontra um obstáculo que o possa parar, dado o estado geral de corrupção e de cobardia que avassala as instituições e os órgãos de soberania. O último baluarte, aquele que ainda resiste, é o Tribunal Constitucional, que se constitui como a derradeira defesa contra a barbárie e a delapidação.

Neste momento, os militares têm fundamentos morais e legais para fazerem uma nova revolução : morais porque os biltres não respeitam nada, nem conhecem limites para a sua actuação criminosa. Legais porque estão sob ataque o povo e a Constituição que juraram defender.

3 comentários:

Hélder disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hélder disse...

Seria no Tribunal Constitucional que o espírito de há 40 anos devia estar protegido, a Constitução da República Portuguesa, essa janela de esperança aberta para um futuro melhor.
Para além da questionabilidade das decisões do Tribunal Constitucional, os seus juízes são pessoas que se podem reformar aos 42 anos se tiverem 12 de serviço - o que põe em cima de mim todo o peso do Orwell e do significado desta democracia portuguesa em que todos somos iguais, mas continuamos como antes uns mais iguais que outros. Depois, temos a inconseguida Esteves de lá regurgitada, suscitadora de gregórios a cada instante.
Em relação à defesa da Constituição da República Portuguesa, há para lá uns dizeres que rezam que um cidadão que verifique a mesma ameaçada, pode intervir por si, se não houver nenhuma autoridade nas proximidades - artigo 21 - Direito de Resistência.
Quando eu andava na escola, estudava-se a Constituição.
Hoje convirá a alguém que se torne um mero nome. Esquecido de preferência.
Abraço.

Hélder disse...

Uma correcção ao meu comentário anterior:
Os juízes do Tribunal Constitucional, não têm de ser 'juízes de carreira', são nomeados pela AR, e REFORMAM-SE aos 40 anos desde que tenham 10 de serviço.
Ora, batatas!